Lançamento do livro “Trabalho docente na era digital” de Eusébio André Machado

13-09-2023

Lançamento do livro “Trabalho docente na era digital” de Eusébio André Machado

13 de setembro de 2023

Escola Secundária de Marco de Canaveses

Teve lugar no dia 13 de setembro de 2023, pelas 16h30, na Escola Secundária de Marco de Canaveses, o lançamento do livro “Trabalho docente na era digital” de Eusébio André Machado, com apresentação do Professor Fernando Diogo, da Escola Superior de Educação do Porto.

Deu-se, assim, início às comemorações do 50º aniversário da Escola Secundária de Marco de Canaveses/Agrupamento de Escolas nº 1 de Marco de Canaveses e, simultaneamente, assinalou-se o início do ano de formação 2023-2024 do CFAE MarcoCinfães.

Registaram-se intervenções da Diretora do Agrupamento de Escolas nº 1 de Marco de Canaveses, Berta Magalhães, da Diretora do CFAE MarcoCinfães, Elsa Correia e de três figuras de destaque no panorama educativo da Educação em Portugal, bem conhecidas das escolas e agrupamentos associados do CFAE MarcoCinfães e docentes que nelas trabalham, pelo prestígio do trabalho que desenvolvem e pelos contributos regulares que dão ao seu processo de formação e desenvolvimento profissional: Eusébio André Machado, Fernando Diogo e Marco Bento.

Berta Magalhães, anfitriã do evento, destacou as comemorações do 50º aniversário da Escola, coincidente com o 50º aniversário do 25 de abril, e anunciou um conjunto de iniciativas do Agrupamento, associando as duas efemérides, as quais constituirão, igualmente, ocasião para homenagear anteriores dirigentes da Escola/Agrupamento. Acrescentou que o programa das comemorações irá contar, entre outros, com o contributo da Artâmega, Academia de Artes de Marco de Canaveses, a qual também participou no presente evento através das prestações de Manuel Peixoto, em guitarra e da Profª Ana Isabel, ao piano.

Elsa Correia destacou a relevância do contributo dos três oradores para o trabalho desenvolvido pelo CFAE MarcoCinfães a nível de formação docente e agradeceu a presença dos cerca de 70 participantes no evento, oriundos de várias escolas e agrupamentos associados, de outros CFAE e outras instituições, num ano em que se concluirá a execução da formação no âmbito do Plano de Transição Digital e também do Plano de Recuperação das Aprendizagens, com formação em Educação Inclusiva, Direitos Humanos, Igualdade de Género e Educação para a Cidadania entre outras.

Ao longo das diversas intervenções dos três oradores convidados e na sequência das mesmas, refletiu-se em conjunto sobre o papel e estatuto da Escola ao longo dos tempos, sobre as expectativas que recaem sobre os docentes e sobre as contradições resultantes dum sistema que se deseja inclusivo e promotor de igualdade de oportunidades mas, simultaneamente, está sujeito às exigências de performatividade impostas por uma sociedade altamente competitiva e resistente a mudanças.

Desmontou-se o mito de que as professores e os professores veteranos ou, por outras palavras, aqueles que têm mais de 50 anos e constituem a maioria de docentes nas escolas, têm maior dificuldade em integrar o digital nas suas práticas do que os docentes mais jovens. Pelo contrário, estudos comprovam que os conhecimentos e desenvoltura desses docentes a nível de pedagogia e gestão do currículo permitem uma apropriação mais completa do digital e uma integração mais equilibrada do mesmo nas suas práticas. Tornam-se, assim, as professores e professores veteranos, elementos imprescindíveis ao trabalho colaborativo na escola e aos legados transgeracionais no âmbito do sistema educativo.

Concluiu-se que a utilização do digital na escola e/ou em casa pelas crianças e jovens não pode reger-se por modas de “tudo ou nada”, surgidas muitas vezes de interpretações algo apressadas do estado da arte noutros contextos demasiadas vezes tomados como referência, mas sim resultar de um equilíbrio adequado às circunstâncias, necessidades, objetivos ou, pura e simplesmente, à vontade do momento.

Pensou-se numa sociedade vulnerável a extremismos, a discursos de ódio, a discriminações de todo o tipo e relembrou-se a importância da escola, da aquisição de competências e conhecimentos sólidos, naturalmente, mas também de sensibilidade, de empatia, de solidariedade, enfim, de humanidade.

Fernando Diogo recomentou, vivamente, a leitura do livro “Trabalho docente na era digital”, o que nós secundamos, e destacou um excerto que aqui reproduzimos:

“ (…) Quando um dia a alegria de aprender a permanente novidade do mundo se transformar totalmente no tédio de receber a permanente informação do mundo, viciando todos os olhares inocentes e puros com o irrealismo dos factos que escondem todos os mistérios que as coisas não têm, haverá um único lugar no mundo onde será possível preservar o milagre do espanto e da surpresa e sem o qual não há florescimento da humanidade.

Quando um dia a utilidade se entronizar como único valor de todas as coisas, exigindo que tudo seja medido para se vender e comprar, haverá um único lugar em que será possível dar valor às coisas inúteis que constituem o lugar mais fundo da nossa humanidade e o que fazemos porque fazemos, que gostamos porque gostamos e que partilhamos porque partilhamos, sem outro propósito que não seja o júbilo de encontrar, entre nós e os outros, espaços de comunidade.

Quando um dia a imaginação for expulsa do nosso mundo e nos rendermos ao império do real, que não é mais do que o limite da imaginação dos pobres de espírito e dos consolados dos factos, haverá um único lugar no mundo para a criatividade viver em liberdade e alimentar o nosso desejo de absoluto, restituindo universalmente o direito à inocência, à poesia e ao infinito.

Nesse dia, haverá um único lugar no mundo e continuará a chamar-se escola.”

(Machado, E. 2023, Trabalho docente na era digital- É preciso mudar de vida?. Porto: Porto Editora

Breves notas curriculares dos oradores:

O autor do livro, Eusébio Machado, Coordenador Nacional do Projeto MAIA (Monitorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica) da Direção-Geral da Educação do Ministério da Educação, doutorado em Educação pela Universidade do Minho e Professor Auxiliar Convidado da Universidade Portucalense (Porto). É autor e coautor de vários livros e artigos científicos na área da educação, em particular no âmbito da avaliação, formação de professores, supervisão e políticas educativas.

Fernando Diogo, Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade do Porto e docente na Escola Superior de Educação do Porto, durante mais de trinta anos, lecionando unidades curriculares relacionadas com gestão e desenvolvimento curricular, inclusão, avaliação institucional, administração escolar, sociologia das organizações, planeamento e gestão estratégica, coordenação e gestão de instituições sociais e desenvolvimento de projetos. Foi Subdiretor Geral do Ensino Secundário. É autor e co-autor de artigos científicos, livros e capítulos de livros (nacionais e internacionais) em temáticas relacionadas com o Desenvolvimento Curricular, Gestão Flexível do Currículo, Autonomia e Flexibilidade Curricular, Sociologia e Administração Escolar, Projeto Educativo e outros.

Marco Bento, Professor na Escola Superior de Educação de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra, cujo Núcleo de Investigação, Educação, Formação e Intervenção integra. É investigador/ Colaborador no Grupo de Pesquisa e Formação de Professores e Tecnologias Educacionais da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro, no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. É Investigador integrado no Centro de Investigação e Inovação em Educação da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto e Investigador em Tecnologia Educativa na Universidade do Minho. É Consultor Pedagógico em Educação e Coordenador Científico e Pedagógico do Projeto SUPERTABi.

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